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Um dia de pesca com Carlos Motaco

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Um dia de pesca com Carlos Motaco Empty Um dia de pesca com Carlos Motaco

Mensagem  Admin Dom Nov 14, 2010 7:41 am

Reportagem de Carlos Abreu para "O Mundo da Pesca"

Um dia de pesca com... CARLOS MOTACO

Como o prometido é devido, não faltámos à palavra e fomos à pesca com o nosso colaborador Carlos Motaco,
campeão nacional de pesca embarcada 2008. O objectivo deste artigo não se destina apenas a tentar “escolher”
o peixe que se quer apanhar mas, acima de tudo, tentar resolver algumas situações bem comuns numa saída de
pesca de barco. Carlos Motaco puxou dos galões e explicou-nos alguns dos “quês” e “porquês” desta técnica.
A jornada começoupor voltadas 7 horas damanhã no Porto de Setúbal. OMestre João e o seu “Golfinho”já nos esperavam para aquele
que era um ensaio já prometido ao estimado leitor. Uma neblina era já tónica dominante em terra, acompanhada de um tempo ligeiramente abafado.
Vento? Nada.
Há medida que nos dirigíamos para alguns pesqueiros do Mestre João, Carlos comentou que a névoa se estava a cerrar e que sem vento poderia aguentar-se até bem próximo da hora de partida, perto da hora da “bucha”. Campeão ou meteorologista acertou.
Os iscos foram espremidos ao máximo e cingiam-se apenas a camarão e bomboca, previamente preparados antes de chegar aos pesqueiros.

1ª Emposta 7h52 – Eis-nos chegados ao primeiro pesqueiro; o Mestre informa-nos que é uma pedra no meio da areia e podia ser o local e a hora para tentarmos um peixe de
qualidade. A opção de Carlos foi uma montagem como ele próprio apelida de “para apalpar”, com 3 anzóis montados em estralhos curtos (20cm), típicos de pesca de velocidade para ver o que acontecia e em função disso operava as alterações.
O primeiro peixe foi... um aranha! Esta situação é comum nestas águas e é sinal que estamos a descair para a areia,estando fora da pedra.
Novapassagem a ver o que se passa e temos um bom peixe, “uma bica ou parguete”, disse Carlos.
Deu bica. Como nos explicou de imediato, quando à primeira se ferra um peixe vermelhode escama (pargo, bica) oubesugos, de seguida terminam as capturas. “Os ciganos nunca quiseram ver bons princípiosaos filhos...”.
2ª Emposta 8h34 – Na segunda emposta o fundo não enganava, era pedra e a coisa prometia. Com esta informaçãodecidiu colocar estralhos maiores (35cm) e uma chumbada branca e vermelha para tentar contrastar com o fundo e apanhar uns bons peixes de escama. Resultado: 2 cavalas nos anzóis de cima, situação que mostrava que a “cortina”deste peixe era possivelmentegrande.
Nova tentativa e eis que temos a situação clássica, com uma garoupa da pedra (serrano) no anzol de baixo, uma safia no do meio e acima a inevitável cavala. Isto fez com que Carlos ficasse mais animado e não alterasse as coisas para fugir às cavalas.
Explicou-nos também que isto podia significar que o “peixe bom” estava alvorado, estando as cavalas ainda mais.
O que fazer? Nada mais fácil: encurtar apenas o estralho de baixo de maneira a ferrar mais rapidamente o peixe de 10 pontos (garoupa), evitando que a mesma emburacasse ou dar a volta à pedra ou ramagem, potenciandoa captura de melhor peixe nos outros anzóis.
9h57 – A pesca continuou sem alterações, intercalando- se boas safias e choupas, com algumas garoupas e, mais acima, as habituaiscavalas ou carapaus amigos.
Pelo meio um polvo no anzol de baixo e safia no anzol do meio. “Estamos mesmo numa boa pedra!”
10h45 – O peixe começou a fraquejar.
O manto de cavalas também se parece ter adensado e para o efeito Carlos mudou a chumbada para uma cor menos chamativa. A coisa
ficou mais composta, tendo-se menos toques (de cavalas) e tendo rendido as maiores safias do dia e uma boa choupa.
11h24 – Depois de retemperadas as forças com um pequeno farnel, mudámo-nos para um pesqueiro mais a terra, dado o anterior pesqueiro ter “secado”.
A situação com que deparámos não foi a melhor e o pesqueiro parecia estar exactamente como o anterior. Houve quem dissesse se não teríamos andado à roda por causa do nevoeiro. Como é nas alturas difíceis que se vê quem são os campeões, Carlos passou para o plano B que consistia em pescar ligeiramente “fora do barco” e não por baixo do mesmo, referindo que com o sol mais a pique (a névoa tinha levantado 20 minutos antes), poderia criar algum tipo de sombra lá em baixo que fizesse o peixe afastar-se. Para o efeito usou uma chumbada redonda de cor branca e estralhos mais compridos (35 a 40cm) nos dois anzóis de cima para tentar um bom peixe e o de
baixo mais curto para tentar capturar uma garoupa; “se o fundo fosse liso este último estralho também podia ser maior devido a não haverem hipóteses de prisão”.
A medida surtiu efeito e saíram algumas garoupas no anzol de baixo até que, no anzol do meio sai uma choupa. A mesma tinha garro no corpo, semelhante às tainhas.
Motaco explicou-nos que isso significa uma coisa apenas ”o peixe está encardumado com os indivíduos a roçarem uns nos outros, daí o garro. Além disso está parado, pouco activo, e certamente acima do fundo.
Nova corrida nova viagem e eis que logo de seguida saem 2 choupas nos anzóis de cima.
Porque será?
12h36 – Depois de mais umas choupas terem visto a luz do dia, a coisa voltou a complicar-se e nem sequer as garoupas colaboravam.
“Plano C” disse Carlos e inicia uma série de lançamentos ainda mais longos, que pouco mais curtos eram do que os pescadores
de surfcasting. “Isto é típico e em competição ainda começa mais cedo.
Como vimos o peixe está alvorado mas está também cada vez mais fora do barco, precisando que o incitemos a comer. Pouco mais há a fazer se não levantar um pouco a pesca para os provocar e realizar iscada maiores para que vão comendo até se
ferrarem. Regra: nunca ferrar!”.
Depois disto e até às 13h30, hora de voltar para terra, a coisa funcionou apenas com as garoupas e uma ou outra safia, referindo o nosso campeão que a partir daqui é ir até ao plano Z e comprar muitas velas.
Quem tem olho é rei...
Mais uma vez o nosso colaborador esteve à altura do desafio e mostrou que temos de ser versáteis, adaptarmonos às condições, mas que por vezes existem alguns sinais que significam condições típicas e padrão, de aproveitar ao máximo sobretudo em competição.
Em tom de conclusão, e prometendo-nos mais situações práticas como esta, chamou a atenção para outras coisas que se poderiam perfeitamente ter verificado durante a jornada, como por exemplo o facto de se as cavalas estivessem a atacar fortemente os anzóis de cima, iscaria apenas no de baixo e, no caso da cor da chumbada, se o dia tivesse ficado descoberto mais cedo, se poderia ter usado a cor
vermelha. Mas vamos guardaresta informação para a próxima.

Obrigado Carlos.
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Um dia de pesca com Carlos Motaco Empty Re: Um dia de pesca com Carlos Motaco

Mensagem  hilariopescador Seg Nov 15, 2010 12:54 pm

Bom post de um dia de pesca com um grande pescador e amigo que com a sua sabedoria muito tem ajudado os atletas deste grande clube.
Grande bem aja CARLOS. cheers
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